Retrospectiva 2013: Novelas das sete (Rede Globo)


Atrasado em um dia, hoje sai o post das novelas das sete da Globo. O ano começou meio decadente no horário, com a trama de Sílvio de Abreu, Guerra dos Sexos


A novela foi transmitida durante os quatro primeiros meses do ano, encerrando em abril sua saga frustrante. Digo frustrante no sentido de que muito se esperou desse remake, por ter sido, em sua transmissão original, uma grande revolução na comédia e na teledramaturgia. A novela trouxe um humor meio retrógrado, e um requinte que tornou o público distante da trama. Com o avanço de núcleos mais populares nas novelas atuais, construir uma novela requintada hoje em dia é quase sinônimo de fracasso. Outro fator que pode ter contribuído é que diferente de Ti Ti Ti (2010), que tinha meio para sofrer alterações e trazer a história para os dias de hoje, Guerra dos Sexos não teve a mesma sorte. A trama da disputa entre homens e mulheres parecia não combinar, não se encaixar na sociedade moderna, na TV contemporânea. A novela encerrou como sendo uma dos maiores fracassos do horário, apesar de atores excelentes e texto de muito primor. 


Em abril estreava a primeira novela de autoria própria de Maria Adelaide Amaral, com seu pupilo Vincent Villari. Com um estilo que parecia mais saído de Malhação, a novela Sangue Bom agradou, mas ainda não conseguiu cumprir com a meta de audiência do horário. Totalmente díspar da antecessora, essa trama focava nos jovens, trazendo uma gama de protagonistas de vinte e poucos anos, com muita vitalidade e sangue para correr atrás de seus ideais. Sem grandes histórias inovadoras, a novela apelou para o humor escrachado e a sátira à mídia voltada para as subcelebridades - tão em voga nos tempos de hoje. Mas nem só de flores viveu Sangue Bom, a trama estava saturada de personagens e no fim, grandes nomes acabaram mortos dentro da trama. Malu Mader, Felipe Camargo, Yoná Magalhães, dentre outras estrelas, pouco destaque tiveram na história, por conta do grande enfoque em seis protagonistas, que inclusive acabaram ofuscando uns e outros. Por vários momentos, Giane (Isabelle Drummond) se apagou, assim como Maurício (Jayme Matarazzo), que passou a circular no núcleo secundário da novela. Mas mesmo entre deslizes e pecados, a novela se salvou, não foi fiasco e conseguiu ser bem elogiada pela crítica, além de contar com uma trilha sonora cativante e cenários vivos, alegres, diferente daquele ar cinzento da antecessora. Em minha opinião, Sangue Bom não foi nem a pior, nem a melhor novela; não contou uma grande história e mirou no folhetinesco e nas paródias para se manter viva durante os 160 capítulos; não houve inovação, nem grandes atuações, mas ao mesmo tempo deu destaque a alguns atores que viviam até então à mercê de papeis menos valorizados. Nilson Xavier a elegou como uma das melhores "obras" do ano dentro da TV, eu tenha minhas dúvidas, já que não vi grandes pontos para ela ser eleita como a mesma, mas não discorrerei sobre o assunto, pois serei apedrejado pelos leitores/fãs mais assíduos da trama de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari. 


Há dois meses tinha uma outra estreia que parece fracassar antes mesmo de começar. Além do Horizonte está na linha de novelas de autores novos, que a Globo vem promovendo bastante hoje em dia - vide Izabel de Oliveira e Filipe Miguez de Cheias de Charme, João Ximenez Braga e Cláudia Lage de Lado a Lado, Lícia Manzo de A Vida da Gente, etc. A proposta de Carlos Gregório e Marcos Bernstein era inovadora e se fosse um seriado, tinha tudo pra dar certo, mas como novela não vingou. A crítica alega que o maior problema foi o fato de a trama não trazer elementos folhetinescos, ou seja "uma novela que não quer ser novela". Encerrando o ano com cinquenta capítulos, a novela já consegue ser considerada o maior fracasso do horário; sabemos que ainda tem tempo para dar uma levantada nos números, mas mesmo assim, pouco se espera, já que não há viés para uma grande revolução na trama principal. Saudades de Janete Clair que promovia terremotos para salvar as novelas alheias. ♥
Em suma, o ano da Globo no horário das sete, assim como no das seis, foi morno! Sem grandes destaques, sem grandes novelas, o ano encerra com grandes frustrações e com a certeza de que o público ainda não está preparado para inovações no ramo teledramatúrgico. A emissora já começa a pré-produção da substituta de Além do Horizonte, que a princípio se chamará Geração Brasil. A trama terá externas no vale do silício, na Califórnia, pois abordará as novas tecnologias. Tem a assinatura da dupla de autores responsáveis pelo sucesso fenomenal de Cheias de Charme e terá direção de Denise Saraceni, mesma diretora da estreia da dupla. #Venha2014