Retrospectiva 2013: Novelas da Record


Se o SBT colheu os louros do ano anterior com Carrossel, a Record teve de colher os resquícios da fracassada Máscaras (2012). Desde que encerrou a novela de Lauro César Muniz, nenhuma outra conseguiu ultrapassar a casa dos dois dígitos na audiência. E olha que a emissora não poupou esforços para isso, tanto que adiantou a estreia de Carlos Lombardi, ex-global, dentro da grade. Mas nem com "reza braba" as novelas da emissora do bispo engrenaram. Mas nem só de novela viveu a teledramaturgia da Rede Recalque Record, que também trouxe um seriado em episódios semanais narrando - como já de costuma - uma história bíblica, José do Egito.


Graças ao público cativo, cuja programação não lhes dá muitas opções, o seriado conseguiu ser levado adiante de janeiro a outubro desse ano, com uma audiência mediana/razoável. E os produtores não pouparam esforços, gastando cerca de 7 milhões de reais só na construção de cenários; e assim foi em todo o seriado, desde figurino até um elenco bem utilizado. Resumindo, foi uma boa proposta, com uma certa qualidade, mas que não teve seus méritos, talvez, pelo histórico da emissora.


Quanto às novelas, vamos relembrar o que rolou na Record nesse ano. A estreia de Dona Xepa se deu em maio, como uma das apostas do canal. Resultado? Durou quatro meses, apenas! A história era batida, já tinha aparecido na TV duas vezes e sido adaptada para o cinema. Os autores tentaram apelar para novas tecnologias e uma linguagem mais contemporizada, para trazer o público pra frente da telinha, mas não teve muito êxito. A ideia de um viral de Dona Xepa na internet, baseada no sucesso de Cheias de Charme (2012), da Rede Globo, não deu muito resultado e acabou passado desapercebido na teledramaturgia.  Destaque na trama para o retorno de Ângela Leal a um papel significativo na TV; a atriz que está no ar na reprise de Água Viva (1980) teve grandes papeis na carreira, mas andava afastada da telinha há tempos, e acabou fisgando o papel, pelo qual muito se discutia, sendo a maioria das chances de ser feito por Jussara Freire, mas que acabou perdendo para Ângela.


Mas no dia 25 de setembro, começava enfim, a grande aposta da emissora, o mais novo contratado, Carlos Lombardi e seu Pecado Mortal. O autor que foi responsável por grandes sucessos da Rede Globo, como Quatro por Quatro (1994) e Uga Uga (2000), vinha fazer sua estreia na Record, com uma novela que se passava nos anos 70. Eu, infelizmente, não acompanho a saga para saber exatamente como é, mas pelo pouco que vi, ela tem fortes elementos típicos do autor, como homens descamisados, piadinhas egocêntricas, sarcasmo e muita ação. E segundo a crítica, é um primor que merece mais observação na TV, e que só não tem a repercussão merecida, porque se passa na Record. Sabemos que a Globo impera no ramo teledramatúrgico, mesmo que a novela apresentada não seja lá grandes coisas - haja vista Amor à Vida, que apresenta ótima audiência e qualidade questionável -, mas lembremos também que a última novela de Lombardi na Globo, Pé na Jaca (2006), não agradou tanto assim. Bom, nunca saberemos se, caso a novela se passasse na Globo, a novela seria esse sucesso estrondoso, como muitos garantem, mas para a Record, ela foi uma das maiores frustrações #apenas. 
Em suma, o ano na Rede Record foi péssimo, desde que a emissora resolveu "tentar" fazer frente aos padrões Globo de "qualidade". As novelas não conseguiram engrenar, nem mesmo com o apoio de um dos carro-chefes da emissora, o reality A Fazenda. Falta divulgação? Falta público? Falta qualidade? São respostas que nunca saberemos, ou que eu poderia discorrer aqui sobre, mas que seria apenas a minha opinião, nunca uma certeza absoluta. A Record teve nos últimos tempos muitos trabalhos bons, como Poder Paralelo, Chamas da Vida ou Cidadão Brasileiro, que assim como alegam os críticos e assim como Pecado Mortal, não tiveram ápices de audiência, mas tiveram uma qualidade inquestionável.Logo, esperamos que em 2014 a emissora traga algumas novas obras boas, que nos faça querer mudar de canal por vontade e não por falta de opção. A emissora já vem trabalha na substituta de Poder Paralelo, que se chamará, até então, Vitória, e terá a autoria de Cristianne Fridmann. Entre mortos e feridos, na Record 2013, salvaram-se todos...