Retrospectiva 2013: Novelas das seis (Rede Globo)


Pois é, a emissora da família Marinho merece uma capítulo à parte na nossa retrospectiva e dividimos ela em quatro posts. Hoje falaremos sobre as novelas do horário das 18 h, que talvez tenha sido o de mudanças mais drásticas de uma trama para sua sucessora. O ano começou com os últimos meses da premiada Lado a Lado. A trama de estreia de Cláudia Lage e João Ximenes Braga, conseguiu desbancar a arrebatadora Avenida Brasil na premiação do Emmy Award e trazer para o Brasil a estatueta de melhor novela da TV mundial.
Mas passemos para sua sucessora que ficou mais tempo no ar durante esse ano. Exibida de março a setembro, Flor do Caribe, novela de Walther Negrão, trazia elementos clichês do autor, mas vinha com um estilo totalmente oposto à trama antecessora. Era uma novela clara, com cenas amenas e diálogos mais leves. Ao passo que Lado a Lado era uma novela mais escura, como geralmente pede as tramas sérias de época.


A novela teve seus pontos de críticas, como a diferença de idade entre Sérgio Mamberti e Juca de Oliveira, que não fazia jus à realidade e isso transparecia na trama. A história do nazismo também não vingou muito, acabou sendo ofuscada pelo amor de Cassiano (Henri Castelli) e Ester (Grazi Massafera), que sempre tinha de vencer as barreiras impostas pelo vilão Alberto (Igor Rickli). Por falar em vilão, Igor foi uma das grandes revelações do ano, assim como Cláudia Netto, que viveu sua mãe. Os dois tiveram cenas excelentes e conseguiram transmitir realidade na história da mãe que se vê obrigada a deixar o filho aos cuidados do avô manipulador e, em seu retorno, não consegue mais o amor do rapaz. Flor do Caribe parecia resgatar uma outra obra do autor, a também praieira Tropicaliente (1994). Ambas se passavam no nordeste, mas a transmitida nesse ano tinha como enfoque a força aérea e uma trama principal que buscava auxílio em O Conde de Monte Cristo. Além da história principal, a novela não tinha histórias inovadoras em seus personagens secundários, mas apenas romances típicos de ficção, o que não a tornou menos apreciada ou qualificada. A parceria entre Negrão e Jayme Monjardim não só deu certo como trouxe uma sofisticação e uma delicadeza maior à novela, que conseguiu ir além das cenas de ação e aventura, típicas do autor, fisgando o público por cenas mais emotivas.


Em setembro, voltava a ocorrer aquele choque de tramas totalmente díspares, com a estreia de Joia Rara. A novela da dupla de sucesso, Thelma Guedes e Duca Rachid, está no ar e ao que tudo indica não vingou. Com cenas, novamente, escuras, cenários em tons mais sombrios, a novela parece “pesada” para o horário das seis. A história em si é outro grande problema da novela, que não traz grandes inovações, nem mesmo na trama principal, que parece, simplesmente, não acontecer. O foco está e sempre esteve no vilão recalcado Manfred (Carmo Dalla Vechia), sendo que os personagens principais vivem à mercê do próprio antagonista para fazerem acontecer na trama. Talvez a grande expectativa tenha sido o pecado da Globo, que acredita que sairia das autores outra inovação como Cordel Encantado (2011), considerada um dos maiores sucessos atuais da emissora. Eles tentaram remeter à antiga novela, mas não deu muito certo e as histórias de amores proibidos parece não ter satisfeito o público. 
Em suma, foi um ano mediano para o horário. Lado a Lado encerrou bem com a estatueta, porém marcou um dos piores índices de audiência. Flor do Caribe não agradou muito em se tratando de números, mas acabou passando batido, sem ser muito criticada. Joia Rara está a um passo de terminar como o maior fracasso do horário, mesmo que apresente uma qualidade impecável em trilha, cenário, figurino, etc. A Globo busca mudanças e continua alegando que o problema da atual novela está no vilão da emissora carioca, o “horário de verão”. Eles atrasaram toda a programação em meia hora para tentar segurar o povo em casa, e de nada funcionou. Há quem diga que já está em fase de produção a sucessora Meu Pedacinho de Chão, escrita por Benedito Ruy Barbosa. Não que Joia Rara esteja acabando, mas é que Benedito disse que não quer passar pelo mesmo drama de Esperança, onde acabou “perdendo” toda sua novela para Walcyr Carrasco. Se nada der certo em Joia Rara, eles adiantam a novela do Benedito, quem sabe da certo?! Quanto ao Benedito, veja o lado bom, ao menos o Walcyr não enfiou nenhum chiqueiro ou guerra de tortas na sua novela. Rs.