Amor à Vida: Onde estão os homens?


Não é de hoje que os homens só fazem “volume” nas novelas. Se de cara, as novelas de Manoel Carlos trazem uma gama de personagens femininos intensos, por outro lado, alguns autores conquistaram tal posto com o tempo. Gilberto Braga cria vilãs inesquecíveis; Aguinaldo Silva cria mulheres de fibra, que lutam pelos seus objetivos; Sílvio de Abreu cria mulheres frias, calculistas e requintadas; Glória Perez escreve para mulheres como ninguém – nunca entendi o tamanho amor de mami poderosa pelas novelas da Glorinha -; João Emanuel Carneiro criar mulheres rivais como ninguém; enfim, cada qual ao seu modo, intensificou o poderio feminino na tela da TV. 

O que não imaginávamos é que quanto mais intensas ficassem essas mulheres, mais “bananas” ficavam os homens. E desse mal, sofre Walcyr Carrasco ao dar vida aos homens de Amor à Vida. Se você não percebeu é porque é cego não acompanha a novela atentamente. Na cena de ontem, onde Paloma (Paolla Oliveira) flagra Bruno (Malvino Salvador) com Aline (Vanessa Giácomo) só fez causar revolta em nós, homens. Afinal, que mocinho é esse que não reluta para comprovar sua fidelidade, para mostrar que ele sim está sendo sincero, e não aquela “mulherzinha” que a Paloma mal conhece? Pois bem, Bruno nem titubeou para explicar o ocorrido; Paloma disse que não queria ouvir e ele obedeceu: ficou mudo! Agora troféu “homem panaca” da novela empata entre Eron (Marcello Antony) e César Khoury (Antônio Fagundes). O primeiro simplesmente cai na lábia de Amarilys (Danielle Winits) em todos os benditos capítulos. 

Se tem cena de Eron, Amarilys e Niko (Thiago Fragoso), pode apostar que é mais um momento em que a megera está inventando alguma lorota para passar por santa diante do “amado”. César sofre do mesmo mal – tanto que no dia em que ele se demonstrou satisfeito com a “mudança” de orientação sexual de Eron, só pensei: além de você compartilhar do mesmo título de pegador com o “ex-gay”, César, pode compartilhar também o título de mané -, sempre que pode cai nas ciladas de Aline. A diferença é que esta nem faz muito esforço para esconder seu interesse na fortuna do médico e patriarca da família Khoury. Chiliques, barracos e tudo que ela podia, fez, para conseguir a tal procuração que lhe desse amplos direitos nos negócios do marido. E hoje, o ex-presidente do San Magno vai superar todas as expectativas; ele vai acreditar piamente em Aline, duvidando dos dizeres da própria filha, Paloma, a respeito da traição da madrasta com seu marido. Sim, muitas vezes, nós telespectadores, nos vemos esbravejando e irritados diante de tamanha passividade dos moços da novela. 
E no que diz respeito à atual novela das nove, não são só esses rapazinhos que merecem serem chamados de “banana” não. O tal “milio” da Valdirene (Tatá Werneck) é chifrado na escadaria do próprio prédio. O fisioterapeuta Daniel (Rodrigo Andrade) é outro homem mané, que na hora de se casar com a Perséfone (Fabiana Karla), tudo parecia lindo e ele era o príncipe que defendia ela em todos os momentos. Foi só o tempo passar para ele abaixar a cabeça diante das piadinhas (sem graça) dos “colegas” de trabalho. E quando ela terminou com ele, o que ele fez? Tudo bem, então! ...

Outro que não podemos esquecer é o quase esquizofrênico Thales (Ricardo Tozzi). Ele era um brinquedo nas mãos de Leila (Fernanda Machado) e depois passou a viver à mercê de um espírito. O que ele fez pra se libertar da megera? Nada! O que ele fez para se libertar do espírito? Nada, mas encontrou outra mulher que, provavelmente, irá manipulá-lo. E pra finalizar nosso breve relato dos manés da novela, tem o homem das mil faces, Ninho (Juliano Cazarré). Ele foi o maior c*zão com Paloma, largando a moça em trabalho de parto num bar, mas isso foi só uma coisa ruim que ele fez, respondendo por seus próprios atos. Depois, ele foi novamente um boneco nas mãos da “amiga” Alejandra (Maria Maya) e do vilão Félix (Matheus Solano). Sequestrou a própria filha e no meio da situação parecia perdido, assim como enfiou o pé na jaca novamente com suas obras esdrúxulas que “fizeram sucesso” em Nova York. 

O que esperamos? Simples, que os homens tenham mais atitudes nas novelas. Afinal, esse não é um defeito exclusivo de Walcyr Carrasco – que já tá parecendo perseguição minha com o autor -, afinal, como já vimos existem grandes mulheres na teledramaturgia, mas poucos homens que façam frente a elas. Talvez um dos poucos autores que use e abuse dos tipos masculinos corajosos, raivosos, maquiavélicos, seja Walther Negrão – haja vista Igor Rickly dando um banho de interpretação como o vilão Alberto de Flor do Caribe. Que ele sirva de exemplo para grandes histórias com homens se destacando mais, porque merecemos um maior reconhecimento, rs!