A novela politicamente incorreta.



Há tempos que Amor à Vida me incomoda, em vários aspectos, mas só nessa semana percebi que meu mal com relação à novela é justamente pelo fato de ser politicamente (in)correta. Antes de discorrer sobre o motivo dessa novela ganhar tal significado, veja a definição a respeito de tal assunto:
O politicamente correto (ou correção política) se refere a uma suposta política que consiste em tornar a linguagem neutra em termos de discriminação e evitar que possa ser ofensiva para certas pessoas ou grupos sociais, como a linguagem e o imaginário racista ou sexista. O politicamente incorreto, por outro lado, é uma forma de expressão que procura externalizar os preconceitos sociais sem receios de nenhuma ordem , funcionando muitas vezes como um eufemismo para discurso de ódio.
Sei que não devemos confiar na wikipédia, mas achei essa definição lá e acredito que seja muito confiável, segundo meus próprio preceitos e crenças, rs! Pois é , "uma forma de expressão que procura externalizar preconceitos". Isso já ficou claro na atual trama das nove, seja ele em todos os sentidos - menos no racial, pois a novela não apresenta personagens negros para tratar de tal temática. Mas creio eu, que vá além dessa questão, propriamente dita, do preconceito. Os personagens se tornam cada vez mais incontroláveis, mais perturbados, mais transtornados. Não digo que eles são malvados, por si só, mas se tornam pessoas desligadas do mundo real, como se fosse uma novela de esquizofrênicos, fazendo tudo que lhes dá vontade. Dá pra contar nos dedos, os personagens que seguiram sua jornada sem titubear, sem chegar no meio do caminho e "surtar", de alguma forma. 
Walcyr Carrasco deixou claro, desde o começo de Amor à Vida, que não beberia da fonte do maniqueísmo. Não criaria personagens bons e maus e um duelo entre eles. Se Paloma (Paolla Oliveira) ia ser a mocinha, ela também pecaria, fugiria de casa, engravidaria de um rapaz que não levava a vida a sério. Se Félix (Matheus Solano) ia ser o vilão, ele também sentiria remorso, e porque não, amaria durante sua saga de ódio e inveja. E assim foi, até que todos começaram a agir de tal forma, mas a oscilação de humor chegou a incomodar, a tornar os personagens bipolares, indo de um extremo a outro em questão de capítulos. 

O maior exemplo disso é César (Antônio Fagundes), que por vários capítulos parecia um bom homem, que tinha certo rancor com o filho, por saber da índole do mesmo, não pelo simples fato de ser homossexual. Entendíamos César até certo ponto, quando ele começou a mostrar que de santo não tinha nada. De um possível primeira traição, uma "pulada de cerca" sem grandes expectativas, veio à tona seu passado sombrio. Teve uma filha fora do casamento e a levou para sua esposa criar, além de um possível envolvimento no acidente da mãe biológica da garota. E essa semana, mais histórias envolve o "caráter" do ex-presidente do San Magno surgiram, a respeito de seu envolvimento com a nora  Edith (Bárbara Paz) e da paternidade de seu "neto". No final das contas, não seria César o maior vilão dessa história? 
Além dos personagens em si, as histórias da novela trazem momentos em que você para diante da TV e solta um: WTF? (what a fuck?). Diálogos que você achou que nunca veria numa novela, assim como atitudes de personagens que você jamais imaginou presenciar. O cúmulo da história está na família da autista Linda (Bruna Linzmeyer), em especial na mãe super protetora (e neurótica). Ela, que é mãe de uma filha especial, deveria saber que o preconceito não é uma das formas mais "corretas" de ver a vida; porém a "sensibilidade" da mulher inexistiu no momento em que seu filho casou com a "gorda" Perséfone (Fabiana Karla). Claro, afinal, melhor ter uma filha mal caráter como a Leila (Fernanda Machado), do que uma nora gordinha né, mesmo?! Outra questão que não foi bem abordada foi a relação entre Lutero (Ary Fontoura) e Bernarda (Nathália Thimberg). Porque não explorar de maneira sutil e delicada uma relação durante a terceira idade? Porque deve ser chato né, Walcyr?! Mais legal falar escrachadamente de sexo e apelidar a "vovózinha" de piriguete. Ou seja, tentou falar de sexo entre idosos e foi novamente pejorativo, tsc tsc tsc!

Agora nosso troféu "sem noção master" que acabou colocando a novela no topo do politicamente incorreto, foi a personagem Amarilys (Danielle Winits). Eu, até hoje, me questiono: como Danielle Winits ainda conseguiu defender sua personagem no Faustão? Pois é, a mulher rouba tudo o que pode de Niko (Thiago Fragoso) e ainda o faz "implorar" para que ela fique em sua casa! POR FAVOR, canoniza esse moço, tá?! Mas antes mesmo dessa situação, eles já levavam o título de núcleo politicamente incorreto, pois apenas Amarilys  e Eron (Marcello Antony) se relacionavam naquela casa, e nem uma beijoquinha existia entre o CASAL, em questão. Mas já que caímos nesse âmbito, porque não falar sobre o homossexualismo da novela, que simplesmente sofreu uma generalizada cura gay. Félix largou Anjinho (Lucas Malvacini) pela Edith, Eron largou Niko pela Amarilys, em suma, todos "ex-gays". E isso tá certo?! Mais uma vez, N-Ã-O! Eron até deixou claro que era bissexual no começo da trama, mas Félix sempre demonstrou ser um gay convicto, que só estava no "armário" por pura e simples obrigação do Papi Poderoso. E agora, que ele podia ir à forra, passar o rodo nas boates da Augusta, ele simplesmente resolve "virar hétero"?! 

Bom, eu poderia ficar horas e horas discorrendo sobre o "politicamente incorreto" da atual trama das nove, mas vou parar por aqui. Só acho que Walcyr andou errando a mão na criação de suas histórias, e deveria ficar mais atento a isso. A novela tinha e ainda tem vários ingredientes excelentes e temas importantes para serem tratados, mas se forem feitos de maneira inconstante, podem acabar se tornando mais uma receita que deu errada, mais um bolo que murchou. Esperamos que em dois meses, ele consiga criar personagens mais ponderáveis, que mesmo fazendo parte de uma obra de ficção, não se torna esdrúxulos a ponto de virarem chacota até pras Chiquititas, néWalcyr?! Tá feio! 

Fonte das Imagens: O Tempo, M de Mulher, TV Globo, Yahoo, Ig,