Malhação: 20ª Temporada


Hoje finalizo com chave de ouro a saga do seriado que, mesmo com críticas pesadas, encantou e ainda encanta multidões país afora. De agosto do ano passado até um tempo atrás, esta temporada trouxe grandes inovações, como na abertura que trouxe uma regravação de um clássico de Lulu Santos, na voz de Jota Quest. Mais do que simplesmente uma alusão ao início do seriado - que tinha uma música de Lulu como tema -, a canção focava nos dizeres "vamos nos permitir", como uma forma de representar jovens determinados, que vão à luta em busca do que desejam. 



A proposta inicial era focar num triângulo amoroso, seguindo a risca o que sempre foi objetivo do seriado. Porém, uma personagem ganhou destaque dentre os três protagonistas, Lia (Alice Wegman). A garota rockeira, rebelde que não quer saber da mãe relapsa, conquistou o público. E olha, ela sofreu "pacas". 

No começo da temporada, Lia não tinha olhos para os garotos, achava todos babacas e que eles não queriam nada com nada. Diferente dela, sua melhor amiga Ju (Agatha Moreira) sabia muito bem quem ela queria. As duas não se opunham apenas nesse quesito, Ju era patricinha de carteirinha, tinha um blog de make up e se vestia segundo conceitos de moda - uma pseudo it girl. 


O escolhido da jovem é Dinho (Guilherme Prates), um garoto mulherengo e que já ficou com Lia, mas sem dar muito certo, eles decidiram não levar a relação adiante. Mas Lia o conhece bem e sabe que ele pode magoar sua amiga, Ju, sendo assim, ela tenta alertá-la a respeito das reais intenções de Dinho. Por mais que Lia se mantenha fria diante da situação, com o passar do tempo as coisas vão complicando. Dinho não quer ter nada sério com Ju, e apesar do esforço da menina, tudo é em vão. Durante uma noite, Lia e Dinho acabam se beijando e mesmo ele e Ju não tendo nada, esta fica rancorosa com a situação. E se sente mais incomodada ainda quando o garoto resolve assumir um namoro com Lia. 


Outra peça chave nessa história é Gil (Daniel Blanco), um garoto tímido e fechado que entra no colégio e se sente um "peixe fora d'água". Ele sente um enorme interesse em Lia, mas como ela está com Dinho não vê possibilidade deles ficarem juntos. Então, resolve se unir à Ju para tentarem separar o casal. O plano vai por água abaixo, e diante dessa situação, eles percebem que um está afim do outro. Então começam a namorar. 


Mas nem por isso, a vida de Lia e Dinho passa a ser um "mar de rosas". Lia passa por um grande drama que é o retorno de sua mãe, Raquel (Patrícia Vilela). Ela é médica e saiu em busca de novas oportunidades, passando muito tempo longe das filhas. Lia nunca entendeu tal atitude da mãe e seu retorno mexe com a vida da filha, que acaba afetando em seu relacionamento com Dinho. Lorenzo (Marcelo Varzea) também não "engoliu" muito essa história, e esse retorno de Raquel muda sua vida radicalmente. Com o tempo, ela percebe que o marido não se interessa mais por ela, o que causa certo incômodo, pois ela ainda o ama. Então, diante da separação, ela alega que quer a guarda das meninas, para desespero do pai e de Lia. 


Outro problema na relação de Lia e Dinho é quando o garoto, que sonha em viajar o mundo, conhece Rômulo (Luis Gustavo), um aventureiro, dono de um barco. Ele resolve emprestar o barco para Dinho, que resolve sair em uma longa viagem. 


Nessa viagem, ele conhece Valentina (Elisa Brites), uma aventureira como ele, que não é adepta de criar raízes. Os dois têm um caso, mas prometem que o que aconteceu não passará disso. Porém, algum tempo depois, ela ressurge na vida de Dinho, já de volta ao Rio de Janeiro, para atrapalhar seu romance com Lia. Diante de tanto vai e vem, o mocinho acabou se tornando meio "vulnerável" demais para o papel. Resultado: no meio da temporada, Dinho sai de cena, em sua tão desejada viagem pelo mundo. 


Nesse momento, para cobrir seu lugar, entra em cena o motoqueiro Vitor (Guilherme Leicam). Ele passou por uns problemas com a justiça em Brasília e graças à ajuda de seu advogado, o pai da Ju, ele conseguiu se sair bem da situação. 


Ele passa a morar na casa de Rosa (Tânia Toko), uma antiga conhecida sua, que trabalhou em sua casa em Brasília. Ela sempre acreditou na história de Vitor, sempre soube que ele não era culpado e que estava apensa encobrindo alguém. 


Na verdade, Rosa sempre soube até que era seu irmão, Sal (Pedro Cassiano). Vitor sempre teve muito apreço pelo irmão, e nunca quis seu mal. Também nunca enxergou que ele era um aproveitador e mal caráter. Mas Sal reaparece no Rio, para desgraça de todos. Quando Vitor consegue enfim, abrir o coração de Lia, Sal surge para dar em cima da garota. Mais do que isso, sem muito êxito, ele passa a atacá-la, ameaçá-la, entre outras coisas. 


Inclusive, ele tenta sequestrar Lia, depois que descobre que ela revelou a Vitor sobre a real pessoa que é Sal. O que ninguém imaginava é que isso ia culminar na morte de Marcela (Daniele Winits), professora de Educação Física do Colégio Quadrante, mãe de Gil e atual namorada de Lorenzo, pai de Lia. 


E as armações de Sal não param por aí, ele pega um dinheiro da família de Lia que eles iam usar para quitar as dívidas da casa. Ele esconde a grana, mas acaba sendo preso. Lia vai até lá tentar convencê-lo a entregar tudo, mas ele não aceita. Quando Vitor descobre que sua namorada foi até a delegacia, eles brigam e o garoto acaba sofrendo um sério acidento, deixando-o em coma. Um tempo depois, ele desperta e os dois reatam. Para maior surpresa de todos, Luana (Louise D'Tuani), antiga amiga de Vítor e Sal, reaparece. A garota, que tempos atrás, surgiu na vida de Vítor tentando ficar com ele, mas não teve sucesso, acabou se entregando para seu irmão Sal. Agora, ela ressurge grávida do vilão e com o propósito de fazê-lo uma pessoa melhor com a notícia. 


Ela vai até a delegacia com o objetivo de fazer com que Sal confesse onde está o dinheiro. E ele ia realmente fazer isso, mas recebe uma ameaça de que se contar onde está a grana, Luana vai morrer. Com isso, ele consegue, com a ajuda desses mesmos ameaçadores, fugir da cadeira e levá-los até o dinheiro. Mas Lia, Vítor e a polícia chegam a tempo de descobrirem tudo e impedir que a gangue ponha a mão no dinheiro. Com isso, Lia não perde sua casa, Sal volta para a cadeia e Luana sai sã e salva. Mas nem só de protagonistas viveu essa temporada, que contou com grandes personagens secundários. Um deles era o pseudo-vilão Orelha (David Lucas), um nerd cibernético. Ele tinha um canal virtual, onde divulgava os podres dos colegas de colégio. 


Sua maior vítima era Rafa (Rodolfo Valente), por conta de seus trejeitos meio afeminados. Desde as danças do garoto até suas roupas, eram motivos de chacota para o vilãozinho da história. 


E isso se torna rancor não só de Rafa, mas como também de sua amiga e futura namorada, Morgana (Cacá Ottoni). Ela é uma garota zen, que curte cultura medieval e vê em Rafa seu príncipe encantado. Com as armações de Orelha, ela passa a tê-lo como seu maior inimigo. Com o tempo, Rafa recebe uma proposta de estudo de balé fora do país, e acaba indo embora e rompendo com Morgana. Esta, passa a ver Orelha com outros olhos e no decorrer da trama, os dois começam a namorar, com muita insistência do garoto. E para surpresa de muitos, menos de Orelha, Rafa volta da Europa com seu novo namorado, no último capítulo. 


Outra história que rendeu foi a de Rita (Jéssica Ellen), uma misteriosa garota que morava na Suíça e se muda para o Brasil, mais particularmente, para o Quadrante. 


A verdade é que ela descobre que o diretor do colégio, Mathias (Blota Filho), é seu pai biológico. Sua mãe nunca contou a ele a verdade e Rita acha que está na hora de ele saber. Entra no colégio com o intuito de cativá-lo e consegue, sendo uma das melhores alunas. Um dia toda a verdade vem à tona, para a felicidade dos dois. 


E como os opostos se atraem, Rita descobre o amor ao lado de Fera (Victor Sparapane). Ele é totalmente lerdo, tem dificuldade nos estudos e até então, é mulherengo. Se envolve com Rita, pois ela se propõe a ajudá-lo com aulas de reforço. 


Mas não teve pra ninguém no quesito casal queridinho. Fatinha (Juliana Paiva), a piriguete mor da temporada e Bruno (Rodrigo Simas). Sim, eles conquistaram o público como ninguém e ganharam tanto ou mais destaque do que os protagonistas. Ela, no começo, saia a caça de homens, sem se importar se tinham dona ou não. Ao longo da trama, ela pegou Dinho, Vítor, Fera, Gil, entre outros. 


Já Bruno, o irmão de Ju, era mais reservado. Antes de Fatinha, ele tinha namorado a Ana (Talita Tilieri), mas ele não estava mais satisfeito e resolveu terminar o relacionamento. Ela, para não ficar longe dele, começou a namorar um de seus amigos e entre uma conversa e outra, sempre rolava uma tentativa de reaproximação. Ela tentou até mesmo quando ele tinha assumido algo mais sério com Fatinha, que "sossegou o facho". 


O único problema na relação de Fatinha e Bruno, era a mãe dele, Marta (Sílvia Pfeifer). Ela não escondia de ninguém que era contra o relacionamento do filho com a moça. E fez tudo que podia para impedir o tal casamento, mesmo não conseguindo e tendo que aceitar a situação.


Outro que não foi feliz com a cerimônia era Pilha (Peter Brandão), que sempre fora apaixonado por Fatinha, mas tinha sido o único a não ser beijado por ela. Ele era sobrinho de Rosa, com quem morava juntamente de Vítor. 


E como todo jovem que se preze, eles precisavam de um point para se encontrarem. O lugar da vez era o chamado Misturama, onde Lia e Gil tinha lugar cativo nos ensaios e apresentações. Os donos eram os pais de Morgana, Nando (Léo Jaime) e Tizinha (Vanessa Lóes). Eles tinha se separado, mas ele nunca deixou de amá-la, tanto que se torna uma pedra no sapato em qualquer relacionamento que ela arruma. Ao final, eles reatam o relacionamento, esquecendo inclusive, da formatura da filha. 


Por fim, mesmo que em alguns capítulos, essa temporada trouxe o ar de nostalgia com o retorno do personagem Mocotó (André Marques), figura ilustre no seriado, ainda nos anos 90. Ele entrou como coordenador pedagógico falso e ficou por alguns capítulos, talvez como forma de homenagem às 20 temporadas do seriado. 


Curiosidades:  A Rede Globo concorreu ao Emmy Internacional Digital 2013 em duas categorias, uma delas era "programas de conteúdo infantil" com o TV Orelha, apresentado dentro do seriado. Em 23 de janeiro desse ano, entrou no ar a segunda abertura da temporada, marcando a entrada do novo mocinho, Vítor. A morte da personagem Marcela só se deu, pois Daniele Winits foi convidada a participar da atual novela das nove, Amor à Vida. No dia de sua morte, três hashtags marcaram presença no Twitter e ficaram entre os Trending Topics mundiais. Foi tida pelos críticos como uma das melhores temporadas, muitas vezes usando a frase "a malhação que não merece ser malhada". Tratou de assuntos como bulimia - através de Ju -, pedofilia, consumo de drogas, preconceito racial, bullying, entrou outros tabus da adolescência. A abertura foi a primeira a não contar com efeitos digitais, trazendo um estilo que combinava mais com a atual juventude, relatando momentos descontraídos, como se registrados por eles mesmos, usando efeitos de saturação, como vistas em redes sociais. No dia da morte de Chorão, vocalista do grupo Charlie Brown Jr., muitos fãs enviaram pedidos à emissora para que a música de abertura fosse "Te Levar", sucesso do seriado durante sete anos. Porém, a emissora não apresentou a mudança na entrada, mas ao término do capítulo, nos créditos finais, todos puderam presenciar a homenagem do seriado ao cantor, confira:



Trilha Sonora: Não foi lançada comercialmente a trilha sonora da temporada. Mas ela contou com um estilo bem eclético, indo do sertanejo universitário, passando pelo funk e chegando nos estilos mais alternativos. Dentre os sucessos nacionais, estão "No cimento" de Érika Machado, "Para alegrar meu dia" de Tiê e "Fluxo Perfeito" do grupo Strike, que você ouve aqui:


Dentro os sucessos internacionais, grandes sucessos como "The lazy song" de Bruno Mars, "Paradise" de Colplay - que esteve presente na trilha sonora de Fina Estampa (2011). Mas eu escolhi duas como destaques maior, a primeira é "Ironic", sucesso de Alanis Morrissete que foi tema do casal Bruno e Fatinha. E a segunda é "Why ya wanna" de Jana Kramer, que embalou o romance de Dinho e Lia. Aperte o play e seja feliz:



Bom, eu não podia terminar esse "remember" sem dizer o quanto Malhação foi importante pra mim. Não me envergonho em dizer que assisto até hoje, porque pra mim além de um mero seriado teen - como é rotulado -, ele traz grandes histórias e, porque não dizer, grandes nostalgias, já que relata momentos importantes de nossas vidas, a adolescência. Entre descobertas e frustrações, creio eu, que Malhação tenha cumprido e ainda esteja cumprindo seu papel na TV. E não espero, mesmo, que um dia acaba, mesmo que alegue que a fórmula já está gasta e tantos outros blá blá blás. Que venham mais 20 temporadas e mais 17 anos de Malhação... Afinal, vamos nos permitir sermos menos críticos e vermos o seriado como algo icônico na TV brasileira.