Éramos seis: afinal, quem são os reais protagonistas de "Sangue Bom"?


Quanto foi anunciada com seis jovens nomes à frente da atual novela das sete, alguns curtiram, outros viraram o nariz, e mais acharam absurda tal escolha. Dentre os seis rostos, apensa o de Fernanda Vasconcelos estava a mais tempo na TV. Depois de sua estreia tão criticada em Malhação, ele teve papel de destaque em na novela das oito, Páginas da Vida. Depois, viveu três protagonistas na carreira, a "Santinha" de Desejo Proibido, a revolucionária de Tempos Modernos e sofredora de A Vida da Gente. Enquanto isso, os outros nomes não tinham uma carreira tão bem sucedida assim, e mesmo que estivessem no mercado há tempos, eles ainda precisavam de mais crédito com o grande público.


Um nome que teve destaque dentre eles foi o de Isabelle Drummond, a eterna Emília do Sítio do Pica Pau Amarelo. A garota que surgiu ainda criança - com apensa 6 anos - na densa minissérie Os Maias, e logo emplacou como a boneca mais falante da literatura brasileira. Na fase pós-Emília, ganhou seu primeiro papel já de destaque em Caras & Bocas, onde fez a filha da protagonista Dafne (Flávia Alessandra). Mas conquistou os brasileiros como a batalhadora Cida, a Cinderela de Cheias de Charme, sua primeira protagonista.


Jayme Matarazzo também surgiu do nada, vivendo seu próprio pai na minissérie Maysa, Quando Fala o Coração. Pois é, bastou um capítulo para ele ganhar o coração dos diretores e seguir carreira. No ano seguinte à minissérie, ganhou um papel de destaque na trama espírita Escrito nas Estrelas, onde viveu um triângulo amoroso inusitado. Em Cordel Encantado, deu vida ao Príncipe Felipe, que deveria se casar com a protagonista Açucena (Bianca Bin), mas que acabou não vingando. Voltou em Cheias de Charme totalmente diferente, como o pichador Rodinei, namorado inclusive da personagem de Isabelle.


O bom moço Bento não foi o primeiro "sangue bom" da carreira de Marco Pigossi. Aliás, ele tem uma prática em viver tipos bons. Estreou na TV na minissérie Um Só Coração, em seguida viveu o estudioso e amoroso Miguel Finnegan, da fracassada Eterna Magia. Em Queridos Amigos, viveu o filho de Lúcia (Mallu Galli) e Rui (Tarcísio Filho). E teve seu primeiro destaque também em Caras & Bocas, como o gay caricato Cássio, grande amigo da protagonista da novela. Saindo do estigma de bom moço, a autora de Sangue Bom, lhe deu em Ti Ti Ti, seu primeiro vilão: Pedro Spina. Ali, ele realmente mostrou que era bom ator, ao deixar a pobre Gabriela (Carolina Oliveira) comer o pão que o Diabo amassou. Em seguida, assumiu novamente um personagem de caráter duvidoso, fazendo seu primeiro par com Sophie Charlotte, em Fina Estampa. Mas ele se regenerou ao longo da trama e voltou a ser o bom moço de sempre. Assim como o Juvenal de Gabriela, eterno apaixonado por Lindinalva (Giovanna Lancelotti).


Assim como Fernanda Vasconcellos, Sophie Charlotte surgiu em Malhação (2007), mas dentre todos é a que tem a carreira menos sucedida. Também teve um atuação muito criticada na sua estreia, no seriado. Viveu a interesseira Stéfany de Ti Ti Ti, pouco lembrada diante da enorme gama de personagens da novela. Em seguida, ganharia um maior destaque como a filha da protagonista de Fina Estampa, Pereirão (Lília Cabral). Mas Aguinaldo Silva vacilou e ela acabou sendo bem ofuscada na trama, dando vida a uma personagem romântica ao extremo, tanto que acabou se tornando chata.


E ainda no ritmo de Malhação, o ator que vive o vilão Fabinho já faz maldades há tempos, desde o seriado teen, quando viveu Caio Lemgruber. Antes disso, ainda criança já havia participado de Malhação, como o irmão do protagonista Gustavo (Guilherme Berenguer). Viveu seu primeiro papel de destaque em Ti Ti Ti, como o bom moço Luti, filho do protagonista Ariclenes (Murilo Benício), o Victor Valentim. Depois, voltou a ser bonzinho e dar vida ao Elano, que acabou terminando a novela Cheias de Charme com uma das empreguetes, vivida pela Isabelle Drummond.


Bom, você deve estar se perguntando, pra que relembrar a carreira dos seis?! Pois é, pra vermos que, além de serem rostos relativamente novos na TV, eles sempre se esbarraram pelas novelas da vida.  Mas no que tange à atual trama das sete, eles têm o papel de dividirem as cenas e o posto de protagonistas da história.

Desde o princípio, confesso que estranhei tanta gente assim e tão pouco antagonista - que a princípio seria apenas o Fabinho, já que Amora iria se regenerar no decorrer da história. Conforme a história foi se desenvolvendo, percebemos que cada hora um se destacava na trama, mas sempre mantendo o vínculo que os unia. Até que chegou uma hora em que a linha rompeu e cada um seguiu seu caminho, deixando livre o espaço para o triângulo Amora - Bento - Malu. Esta, que agora teria enfim a oportunidade de ficar com Maurício, o deixou, pois se apaixonou por Bento. Logo, Maurício foi "ciscar" em outro terreiro e acabou destoando da história, se envolvendo com Lara Keller (Maria Helena Chira) e quem mais surgisse. Mas sem esquecer, claro, de Amora - só para manter a ligação, creio eu. Fabinho até tentou se infiltrar no meio do triângulo, mas acabou sendo limado pela vilã Amora. E agora, que ele já está num situação onde não existe mais onde se dar mal, esperamos que os autores tenham algo em mente para que ele continue no posto e não se torne mais um dos trocentos coadjuvantes da história. Mas quem virou coadjuvante mesmo foi Giane. A moça que ia sofrer uma transformação e blá blá blá, realmente mudou. Mas para ficar com o Caio (Thiago Amaral), um X que surgiu nos 45 do segundo tempo. Ela que sempre amou o Bento, nem teve chance diante da disputa acirrada das irmãs Campana.

Acho que além do exagero de trazer seis protagonistas, Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari quiseram dar ênfase nos veteranos, criando grandes histórias paralelas. E junto a isso, eles criaram um universo cômico amplamente abrangente e fundamental na trama. Ou seja, os protagonistas viraram pó?! Afinal, Letícia Sabatella e sua dupla personalidade, assim como a garçonete temperamental vivida por Malu Mader, têm grande destaque na obra. E acho interessante isso, mas me incomoda um pouco elas acabarem tirando o foco principal da trama, aliás, foco esse proposto no início da história. Se daqui dez anos lhe perguntarem: Quem eram os protagonistas de Sangue Bom? Você saberá o que dizer? Mais do que um mero título, o ato de ser protagonista culmina em ser a principal estrela de uma história, ser o ponto-chave de toda a trama. Talvez Maria Adelaide Amaral não saiba lidar com apenas um casal de mocinhos, como aconteceu em Ti Ti Ti, que a autora reuniu duas novelas de Cassiano Gabus Mendes em uma só, trazendo dois campos de protagonistas, o dos estilistas rivais e do triângulo amoroso entre Marcela (Ísis Valverde), Renato (Guilherme Winter) e Edgar (Caio Castro). Sim, antes que me acusem, eu assumo que tenho uma relação complicada com Sangue Bom, oscilando entre o adorar e o odiar em questão de segundos. Mas acho que isso não me impede de questionar a verdadeira identidade dos personagens na trama. Se conselho fosse bom, ninguém dava, mas acho bom Maria Adelaide Amaral começar a rever seus conceitos e colocar em prática o 'menos é mais'. Pois, Glória Perez e Manoel Carlos já pagaram caro com essa mania de muitos atores, muitos personagens e pouco destaque.